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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Arte como Expressão

A abundância do sofrimento real não tolera o
esquecimento... ela exige a continuidade da existência
da arte, que ela proíbe. Agora é praticamente apenas
na arte que o sofrimento pode encontrar a sua própria
voz, consolo, sem ser imediatamente traído por isso.

T. W. Adorno



Artista Plástica Aurora

A arte que é produzida no sofrimento é bem mais expressiva.
Quanto maior o sofrimento, maior a necessidade de expressão, de extravasamento.
A angústia é força motriz em todos os momentos do existir humano. E dentre todos os sentimentos e modos de viver é ela que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade, lançando-o à liberdade de escolher, alertando-o a respeito do non sense. E é por meio da expressão artística que o indivíduo pode expressar seus sentimentos, pois é a arte a mediadora entre o sujeito e o objeto. Com isso, o artista estabelece a relação do “outro como tu mesmo”. E por meio da sua obra de arte entrega ao outro a oportunidade e a possibilidade de descobrir o sentido de sua própria existência, alertando-o sobre a posição em que se coloca
diante do mundo e principalmente diante de si mesmo.



Artista Plástica Maria Tereza

A Arte como Expressão Humana nos Dias Atuais
A arte procura expressar as emoções humanas, e interpretar as angústias que caracterizam e fundamentam a existência humana, em todo seu contexto histórico, e principalmente, nas relações do homem consigo e com o outro.
Por meio da arte, é possível que aconteça o despertar para uma consciência individual e coletiva, e ela é, ainda, um poderoso instrumento de conhecimento e de grande força político-social. O caráter específico da arte é o de reflexão, onde é possível reproduzir a realidade, seja ela, sob a forma
de imagens, músicas, poesias, romances, peças teatrais, arquiteturas, e qualquer outra expressão artística perceptível pelos sentidos.


Artista Plástica Helena Coelho

Ora, a arte é a representação do sentimento humano como manifestação do subconsciente, pois não há para os artistas hodiernos a preocupação que os tradicionais tinham com a razão, a moral ou até mesmo com a própria estética. As criações artísticas podem ser absurdas e ilógicas, como asimagens dos sonhos e das alucinações da mente humana.
A dor humana que permeia a elaboração de um trabalho artístico hoje é uma sarcástica gargalhada amarga e distorcida diante de um público perplexo algumas vezes, e indiferente em outras,narcotizados pela massificação e pelo poder midiático.
Como se pode notar, a angústia é deformadora da realidade, pois deseja expressar com arrebatamento toda sua amargura em relação à existência absurda – que é viver para morrer, e morrer para Sartre subentende a nadificação dos nossos projetos e a certeza de que um nada absoluto nos
espera – e em relação ao mundo.


Artista Plástica Cristiane Campos

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BUBER, Martin. Eu e tu. São Paulo: Centauro, 2001.
KIERKERGAARD, S. A. O conceito de angústia. São Paulo: Ed Presença: 1962.
SARTRE, J. P. A náusea. Publicações Europa América. s/d.LANGER, Susane K. Estética sentimento e forma. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1980.